terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Poesias

Mascarados

Saiu o Semeador a semear
Semeou o dia todo e a noite
o apanhou ainda com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido do que outros semearam.
Jovem, seja você esse semeador.
Semeia com otimismo.
Semeia com idealismo
as sementes vivas da Paz e da Justiça.
Cora Coralina

Ciranda da bailarina

Chico Buarque / Edu Lobo

Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga,tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Verruga nem frieira
Nem falta de maneira ela não tem
Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo temum irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida ela não tem
Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatinaou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem
Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo temum primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem
O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem,todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília,
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem
Procurando bemTodo mundo tem...
Dona Vassoura

Trabalho o dia todo,
todo dia sem falhar.
Não conheço feriado
nem sei o que é repousar.
Sempre em pé, sempre pronta!
Pensam que eu sou de aço?
Sei que sou uma vassoura
mas durmo em pé de cansaço!
Se a visita é bem chata
e com a hora não se importa
me viram de cabeça pra baixo
e fico tonta atrás da porta.
Minha maior inimiga
é aquela sujeirinha teimosa
que gruda no chão feito cola
e comigo se faz de gostosa.
As praias são tão grandes,
morro de tanto trabalhar.
Se todos sujassem menos,
menos tinha pra limpar.
Quanto mais velha eu fico
bem mais eu quero ficar,
pois só depois de bem velha
me deixam em paz pra brincar.

Guiomar de Paiva Brandão

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